Vontade de crescer, coragem para mudar e uma atração pelo balcão. Bastou isso para que a mixologia ganhasse a irreverência e simpatia da paulista Jéssica Sanchéz.
Trabalhando atualmente em um grande bar carioca, Jéssica conta em entrevista para OBarVirtual como surgiu o interesse pela coquetelaria e porque decidiu se mudar para o Rio de Janeiro.
OBarVirtual - Com o que você trabalhava antes de ter contato com a mixologia?
Jéssica Sanchéz - Bom, eu trabalhava na área de qualidade de uma empresa, fazia uns trabalhos cabeçudos do tipo auditoria e monitoria da empresa inteira, planilhas, gráficos e análises para melhoria do atendimento ao cliente. Trabalhei cerca de 2 anos nessa empresa. Não via mais possibilidade de novos projetos nem agregava mais conhecimento. Decidi largar tudo e mudar de cidade. Fui pra Curitiba prestar vestibular e morei lá por algum tempo. Como fui pra lá sozinha e, basicamente, não conhecia ninguém, acabei voltando. Mas minha experiência lá foi boa, conheci muitas casas e restaurantes bacanas.
Voltando pra São Paulo eu tive que começar do zero. Não queria continuar trabalhando num atendimento somente interpessoal. Queria algo mais vivo, ativo. Se não fosse assim, sabia que duraria pouco pra mim. Como já havia feito um estágio em cozinha quando estudava nutrição, pensei em voltar pro ramo de alimentos. Fui trabalhar de garçonete numa steak house carioca que estava abrindo filial em São Paulo. Meu primeiro emprego de garçonete, mas como já tinha experiencia na área de atendimento me destaquei. Em pouco tempo já estava dando treinamento de atendimento.
OBV - E quando surgiu seu interesse pela coquetelaria?
JS - Eu via aquele mundo atrás do balcão e sentia algo como um imã que me puxava. Tinha interesse em cada garrafa dali, queria saber o que era, como fazia. Tinha milhares de perguntas que ninguém me respondia. Comecei a frequentar sebos e comprava todos os livros que encontrava sobre o assunto. Li muito sobre vinho, destilados, fermentados. Aproveitei minha aproximação com distribuidores de vinho do restaurante e fiz cursos e workshops. Um dia voltando pra casa percebi que tinha um Irish Pub ali do lado e entrei pra tomar um chopp. O bar era incrível, o balcão, as garrafas, as luzes baixas, Jazz ao vivo. Sentei no balcão e o bartender puxou assunto comigo. Desde então passava lá todos os dias. Cada dia pedia um drink diferente e questionava sobre o mundo. Ele sempre respondia tudo.
Sai da steak house, fui trabalhar num café famoso da cidade vendendo vinhos e harmonizando com os pratos. Mas queria mesmo ir pra trás do balcão. Percebi que para entrar na área precisava de contatos, conhecer pessoas do meio e ter uma base bem formada sobre o assunto. Procurei no Google cursos de bar, me increvi e pedi demissão.
Novamente, me destaquei no curso, as conversas com o bartender atencioso do pub me renderam bons ensinamentos sobre o assunto. Fiz mais um curso com eles e depois fui estagiária na turma que se seguiu. Trabalhei num disco bar e com a escola onde fiz o curso. Foi quando me indicaram pra trabalhar num pub que estava abrindo numa área bacana da cidade. Cheguei na entrevista e me deparei com uma das pessoas da qual tinha estudado sobre, que era influência na nova era da coquetelaria no Brasil.Trabalhei nesse pub por alguns ótimos meses. Foi a melhor escola que já passei. Sai de lá e fui chamada para chefiar o bar de um restaurante novo ali perto. Neste mesmo tempo me convidaram pra participar do World Class, primeiro campeonato que participei.
O Word Class foi uma experiência incrível. Foi ali que eu pude ver pela primeira vez pessoas que realmente carregam amor pela profissão e se dedicam. Foi ali que eu me senti aliviada ao perceber que poderia ser bartender por toda a minha vida, tal como já desejava. Foi um renascimento. Saí dali bartender de berço e pra toda a vida. Sai do restaurante e decidi dedicar alguns meses ao estudo. Decidi que só aceitaria uma proposta que realmente me cativasse. Fiz muitos cursos neste tempo, me especializei em cachaça, mixologia, trabalhava em projetos pessoais que despontarão em breve e num projeto da Absolut onde coloquei em ação tudo o que entendia sobre excelência em atendimento. Me senti em casa, fiz de clientes grandes amigos.
OBV - Depois disso você se mudou para o Rio de Janeiro. Por que essa mudança?
JS - Eu entendi que nunca conseguiria por em prática meus projetos sem antes melhorar minha qualidade de vida. Queria mais tempo, mais tranquilidade, mais alegria. São Paulo é incrível, mas te cansa todos os dias com a superlotação e o deslocamento sem fim. Havia visitado alguns bares no Rio há pouco tempo e sentia que levar uma hospitalidade e um atendimento diferenciado era a chave do lugar. E era o que eu buscava naquele instante. Mas precisava de um motivo que me movesse a isso.
A segunda parte da entrevista com Jéssica Sanchéz você confere no próximo domingo, em OBarVirtual.
1 comentários:
Muito gata essa barwoman!
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