Ali, o tempo, a rapaziada suava, cuidando nos alambiques, como perfeito se faz. Assim essas cachaças – a vinte-e-seis cheirosa – tomando gosto e cor queimada, nas grandes dornas de umburana.¹
1 ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2006, p 338.
2 João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de julho de 1908 — Rio de Janeiro,
19 de novembro de 1967), foi um dos mais importantes escritores brasileiros de
todos os tempos. Foi também médico e diplomata.
3 Em tradução livre do francês, ―casa.
Na epígrafe, dissemos dos
rapazes do sertão de Rosa² que muito suaram na produção da cachaça apreciada por
Riobaldo.
No caso da Leblon, são quinze cortadores que dão conta do corte da cana-de-açúcar e da separação das palhas e pontas que não servem para produção da cachaça. Realizada a primeira seleção, as canas, estando já desvencilhadas do que não é útil à produção da bebida, ficam repousando na terra vermelha até que cheguem os caminhos que as levam para o alambique – importante dizer que todo esse processo se dá em um período de quarenta e oito horas, diferentemente do que ocorre em vários outros centros de produção da indústria da aguardente, nos quais a matéria-prima chega a ficar podre antes de ser encaminhada para o alambique –. Quando chegam a Maison³, um trator retira os feixes de cana e os coloca em uma esteira na qual há um funcionário que ajuda na moagem. Ao fim de tudo isso, deparamo-nos com um primeiro caldo cujo destino é a filtragem e um corte com água para padronizar os níveis de açúcar.
No caso da Leblon, são quinze cortadores que dão conta do corte da cana-de-açúcar e da separação das palhas e pontas que não servem para produção da cachaça. Realizada a primeira seleção, as canas, estando já desvencilhadas do que não é útil à produção da bebida, ficam repousando na terra vermelha até que cheguem os caminhos que as levam para o alambique – importante dizer que todo esse processo se dá em um período de quarenta e oito horas, diferentemente do que ocorre em vários outros centros de produção da indústria da aguardente, nos quais a matéria-prima chega a ficar podre antes de ser encaminhada para o alambique –. Quando chegam a Maison³, um trator retira os feixes de cana e os coloca em uma esteira na qual há um funcionário que ajuda na moagem. Ao fim de tudo isso, deparamo-nos com um primeiro caldo cujo destino é a filtragem e um corte com água para padronizar os níveis de açúcar.
Temos nosso primeiro caldo! Há
de se perguntar, amigo, o que acontece com ele, afinal, não é esse o ―caldo que costumamos beber. Ele é levado para uma sala repleta de tanques de aço
inoxidável onde recebe leveduras que darão início à fermentação
– é nesse momento que se cria e se regula a base a ser destilada nos alambiques
de cobre, ou seja, as leveduras comem o açúcar do caldo e o transformam em
álcool, gás carbônico e calor. Em uma bacia, fica a mistura para a base da
fermentação, que tem um gosto azedo e nada agradável, mas que, pela
experiência, vale a aventura. Digo de atenção também é o ambiente da sala: como
o calor do método empregado torna o ar pesado, o cheiro do local não é nem
mesmo um pouco convidativo.
Como puderam perceber, tudo se
dá de maneira praticamente artesanal: avalia-se a acidez, a velocidade do
trabalho das leveduras, os níveis de álcool, dentre outros. De acordo com um
técnico da empresa, mesmo com esse rigoroso controle e com a possibilidade de
gerar custos, às vezes há a necessidade de descartar amostras para que a
qualidade do vinho a ser destilado seja mantida. Eis que chegamos a um ponto
importante: a destilação.
A linha de alambiques de cobre
transforma o álcool base em potentes cinquenta e cinco por cento de volume
alcóolico. Separam-se a calda e cabeça que não são puras, portanto,
indesejáveis e para casa de misturas são enviados os líquidos já destilados; é
lá que se separa o que será destinado ao envelhecimento e ao amaciamento em
tonéis.
A empresa, atualmente, conta com
três produtos: a cachaça branca que dá nome ao negócio, Leblon; a cachaça
envelhecida em barricas de carvalho, Signature Merlet; e o licor de açaí,
Cedilha.
Ao fim da visita, a Maison Leblon oferece lembranças em suas lojas de presentes, incluindo o livro escrito por seu proprietário. Seguiremos contando nossa viagem no próximo post! Estará imperdível!
1 comentários:
Bacana o relato e a experiencia. em julho desse ano estive num alambique em Xanxeré (oeste catarinense) onde se faz a cachaça Refazenda (inclusive publiquei na época umas fotos no meu face) é fantástico foram tres dias intensos de mais muito aprendizado e passei pelos processos trabalhando botando a mão na massa junto com o Sr. Selito o proprietário do alambique e a equipe dele. Depois de passar por isto a gente olha a bebida com outros olhos, sem duvida. Muito bom, abraço meu xará.
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